domingo, janeiro 16, 2011

EBD - Lição 1: O Valor da Poesia na Antiguidade

Revista ATITUDE, JUERP. 1º Trimestre de 2011.

Texto bíblico: 2Samuel 23.1-5 • Texto áureo: 2 Samuel 22.50

“São estas as últimas palavras de Davi: Diz Davi, filho de Jessé, diz o homem que foi exaltado, o ungido do Deus de Jacó, o suave salmista de Israel. O Espírito do Senhor fala por mim, e a sua palavra está na minha língua. Falou o Deus de Israel, a Rocha de Israel me disse: Quando um justo governa sobre os homens, quando governa no temor de Deus, será como a luz da manhã ao sair do sol, da manhã sem nuvens, quando, depois da chuva, pelo resplendor do sol, a erva brota da terra. Pois não é assim a minha casa para com Deus? Porque estabeleceu comigo um pacto eterno, em tudo bem ordenado e seguro; pois não fará ele prosperar toda a minha salvação e todo o meu desejo?” (2Sm 23.1-5). Por esses versículos percebe-se que Davi foi um poeta de mão cheia. Mas Davi foi apenas um dentre tantos outros, como veremos a seguir.

1. A importância da palavra escrita nos tempos antigos – Registrar por escrito um evento, um sentimento ou um momento marcante da vida sempre foi algo importante para o homem. É por isso que os arqueólogos estão sempre achando relatos de batalhas, sucessões reais, códigos legais, canções, lendas e poemas de civilizações antigas. São por esses relatos que historiadores e arqueólogos conseguem reconstruir a história, os momentos e os sentimentos dos povos que não mais existem. No Egito, na Mesopotâmia e na Grécia existiram bibliotecas com os mais diversos tipos de textos. Essas bibliotecas eram administradas pelos sacerdotes e ficavam, geralmente, ao lado dos templos. Dentre essas bibliotecas, destacam-se a da cidade de Alexandria e de Atenas, fundadas no século III a.C.

2. A importância da poesia no mundo extra-bíblico – Na biblioteca de Alexandria, que tinha armazenado mais de 500.000 rolos de papiro, além de leis, relatos da corte dos faraós, provérbios populares, obras sobre geometria, trigonometria e astronomia, foram achadosdiversos textos religiosos, como o poema Hino a Aton, de autoria do governante e poeta Akhenaton. Além da biblioteca de Alexandria, outras obras poéticas famosas foram encontradas na Mesopotâmia e na Grécia. Na Mesopotâmia, a biblioteca de Nínive, que foi a primeira biblioteca organizada da Antiguidade, tinha mais de 20 mil tábuas de argila na qual estão registrados tratados, leis e lendas. Dessas lendas, destacam-se o poema da criação Enuma Elish e a epopeia de Gilgamesh. Na Grécia, no século III, existiu a famosa biblioteca escolar de Aristóteles e, no século VI, em Atenas, foi inaugurada a primeira biblioteca pública. Essas bibliotecas também continham obras de grandes escritores como Homero, autor de poemas épicos Ilíada e Odisseia. Seja no Egito, na Mesopotâmia ou na Grécia, as obras eram escritas nos gêneros literários narrativo ou épico, lírico e dramático. Nesses três gêneros, destaca-se que muitas obras foram escritas em versos, explorando a musicalidade das palavras, ajudando a sua preservação.

3. A importância da poesia na Bíblia – Expressões de louvor, gratidão, clamor, a poesia bíblica é rica em palavras e mensagens que exaltam o Senhor. Em inúmeros salmos lemos: “Louvai ao Senhor. Louvai, servos do Senhor, louvai o nome do Senhor” (113.1) ou, ainda, “Aleluia” (150) ou, então, “louvai ao Senhor todas as nações, exaltai-o todos os povos” (117). A poesia bíblica, como nenhum outro gênero, ganha importância entre o povo por possibilitar uma exaltação a Deus com palavras, sentimentos e sussurros.

4. A importância da poesia para o culto a Deus – A universalidade da poesia possibilitou ao povo de Israel, seja enquanto nômade pelo deserto, na companhia de Moisés, seja fixado na terra na época de Davi e Salomão, ou fora da terra, no exílio, a demonstrar seu amor por Deus e seus atos salvadores e redentores. Histórias e leis servem para registrar e legislar, mas não para exaltar. É por isso que em meio a narrativas importantes como a da travessia do Mar Vermelho (Ex 14), temos a seguir um poema glorificando a Deus pelo livramento ao povo (Ex 15). As poesias israelitas, os salmos, serviam para que o povo, onde quer que estivesse, pudesse lembrar de Deus e do que ele já havia feito por eles.

5. A importância da poesia para os dias de hoje – Parafraseando Isaías 61.2,3, hoje, as poesias israelitas servem para “consolar todos os tristes; ordenar acerca dos que choram em Sião que se lhes dê uma grinalda em vez de cinzas, óleo de gozo em vez de pranto, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantação do Senhor, para que ele seja glorificado”. Quem nunca leu esses belos versos ou até mesmo os cantou em sua igreja? Atualmente, o Saltério é um texto que fortalece o abatido, ajuda o alegre a glorificar a Deus e, sobretudo, nos faz recordar que Deus está sempre disposto a ajudar e socorrer homens e mulheres em todos os momentos de suas vidas.


Saltério, oração e canção

O Livro dos Salmos, geralmente dividido em cinco blocos (1-41; 42-72; 73- 89; 90-106; 107-150), só passou a ser usado como livro de cânticos posteriormente:

“Também dispôs os levitas na casa do Senhor com címbalos, alaúdes e harpas conforme a ordem de Davi, e de Gade, o vidente do rei, e do profeta Natã; porque esta ordem viera do Senhor, por meio de seus profetas. E os levitas estavam em pé com os instrumentos de Davi, e os sacerdotes com as trombetas. E Ezequias ordenou que se oferecesse o holocausto sobre o altar; e quando começou o holocausto, começou também o canto do Senhor, ao som das trombetas e dos instrumentos de Davi, rei de Israel. Então toda a congregação adorava, e os cantores cantavam, e os trombeteiros tocavam; tudo isso continuou até se acabar o holocausto. Tendo eles acabado de fazer a oferta, o rei e todos os que estavam com ele se prostraram e adoraram. E o rei Ezequias e os príncipes ordenaram aos levitas que louvassem ao Senhor com as palavras de Davi, e de Asafe, o vidente. E eles cantaram louvores com alegria, e se inclinaram e adoraram” (2Cr 29.25-30).

Isso ocorreu porque o saltério não é composto somente de cânticos, mas da recitação de orações e lamentos. O termo hebraico “mizmor”, que aparece 57 vezes no Livro de Salmos e é traduzido por “salmo”, é, na realidade, uma canção acompanhada de instrumento de corda. Já as palavras hebraicas “masquil” é um poema para meditação e “tephilah”, “oração”.

Quanto às ligações musicais dos salmos, temos expressões hebraicas como “binguinot” ou “instrumento de corda” (Sl 4; 5; 54; 55 etc.), “Al-Almalot” (para vozes femininas, soprano) e “Al-Hashminit” (instrumento de oito cordas).

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